sábado, 2 de janeiro de 2016

"VIDA DURA".

História do início do casamento de Joãozinho.

Vou contar um pouquinho da história do início do casamento de Joãozinho, pois sempre percebi que alguma coisa ficou mal contada nesse período da vida dele. É que, geralmente, as histórias são contadas do ponto de vista dos vencedores, daí ela vem sempre acompanhada com aqueles comentários feios, que são mais ou menos assim: 

“Eu o ajudei dessa maneira. Sem mim, ele jamais teria conseguido... Deve-me favor disso, daquilo e etc...”. 

Isso serve como exemplo para que você possa guardar, para o resto da vida, pois sempre que tiver a oportunidade de ajudar alguém, vá em frente, ajude, mas nunca queira jogar na cara da pessoa depois. Você pode perder a sua bênção por causa disso. Simplesmente ajude a pessoa que precisou de você e Deus, que vê em secreto, lhe recompensará futuramente. 

Vamos à história...

Joãozinho era um rapaz já adulto, porém ainda era ingênuo. Havia trabalhado em várias empresas em suas várias funções desde bancário a garçom, e sempre sentiu a sensação de que queriam sobrepujá-lo por causa do seu jeito meio "caipira" de ser. Na verdade, Joãozinho sempre teve um certo complexo de inferioridade por causa do seu estilo de vida humilde. Depois de muitas voltas que o mundo dá e depois de muitos desencontros em sua vida financeira e afetiva, sempre afirmou que não tinha sorte nem no jogo, nem no amor, agora o jovem Joãozinho se vê às vésperas de viajar de mala e cuia para Brasília. Talvez movido pela música de Renato Russo (Faroeste Caboclo) ou por obra do destino, já que, a empresa em que ele trabalhava abriria uma filial em Brasília e toda a equipe do setor, inclusive Joãozinho seria transferido para a cidade, porém, por causa de uma denúncia de corrupção referente ao chefe do seu departamento, todo o setor têxtil da loja foi ignorado em decorrência da atitude desse diretor. E, assim, abriram a loja do Carrefour em Brasília, mas ninguém daquele departamento foi convocado. Diante da possibilidade frustrada de ir para Brasília, Joãozinho ficou curioso sobre como teria sido se ele tivesse ido embora para lá. Não vou relatar aqui o que, de fato, o motivou a sair de São Paulo rumo à Brasília/DF. Talvez conte numa outra ocasião, mas o fato é que, aos vinte e cinco anos, foi convidado pelo seu cunhado para trabalhar numa empresa de construção civil que implantaria uma rede de água potável na cidade satélite de Taguatinga, como ele não estava conseguindo arranjar emprego em São Paulo, partiu para a cidade do Renato Russo. 

Ao chegar em Brasília, ficou encantado com a beleza ds cidade. Apresentou-se na empresa, que ainda não estava totalmente instalada. Eles haviam locado um enorme terreno na Ceilândia, cercaram e colocaram alguns containers no local. Joãozinho faria alguns serviços no escritório e seria treinado pelo chefe do escritório, o Lourivaldo. Joãozinho ficou hospedado na casa de sua irmã, em Taguatinga. Seu chefe, que também era o seu cunhado, não lhe dava o direito a pegar o vale transporte na empresa, pois, nem havia a possibilidade de fazer o pedido à empresa de transporte devido a recém chegada da empresa na cidade. Entravam às 07h00 no canteiro de obras e sempre iam trabalhar com o carro da empresa que era alugado. Joãozinho sentia que isso incomodava bastante o cunhado que, talvez quisesse dormir até mais tarde, mas tinha que dar carona. Então resolveu se mudar para o trecho. 

Passou a dormia num container com mais cinco peões de obra. Ia pra casa da minha irmã aos finais de semana. Isso aconteceu durante seis meses. Foi neste período que conheceu a pessoa que iria se transformar em sua esposa. E exatamente após seis meses de namoro, a empresa concluiu a obra e precisaram demitir muitos funcionários. Joãozinho foi o primeiro a ser demitido, mas deu graças a Deus. E após receber uma indenização pelo ano de serviço, Joãozinho pagou três meses adiantados de aluguel de uma casa na Ceilândia/DF, pois não tinha fiador. Mudaram na mesma semana de sua demissão. 

Foi exatamente em agosto de 1992 o início do casamento. Precisaram apressar as coisas, pois a esposa já estava grávida de quase quatro meses. A irmã de Joãozinho foi escolhida para ser a madrinha do bebê e comprou de presente uma cômoda para guardar as roupinhas do bebê que ia chegar nascer em dezembro. A sua sobrinha, já tinha quatro anos e a minha irmã havia guardado suas roupinhas de bebezinho. A irmã doou várias peças para a filha do casal que ficou muito agradecido. As roupas chegaram num momento difícil, como todo começo de casamento é muito difícil, mesmo. Certamente não iriam ter condições de comprar todo o enxoval do bebê. É óbvio que o casal ficou muito grato à irmã por isso, pois a ajuda chegou num momento em que estavam precisando muito de ajuda. O casal nunca teve nenhuma vergonha de agradecer a Deus por tudo. Viveram momentos bons... Apertados, havia pouco dinheiro nesse início e toda a ajuda vinda de fora, foi muita bem recebida pelo casal. Três meses depois que foram morar juntos, antes mesmo do bebê nascer, a situação ficou muito difícil para o casal e quase decidiram se separar. Estavam combinando de a esposa voltar para a sua cidade (Teresina), ter o bebê em segurança na casa da mãe, que certamente daria apoio, enquanto Joãozinho voltaria para São Paulo e tentar arranjar um emprego. Estava quase tudo resolvido para realizarem isso mesmo, com tristeza, com aquela sensação de derrota. Joãozinho se sentia como um pneu careca no carro. Tão fino, quase transparente, ao ponto de achar que uma pequena pedrinha perfurasse o pneu. Contariam três dias, se nada acontecesse, executariam o plano. E, nesses três dias, o cunhado, o irmão da esposa, arrumou emprego para Joãozinho ir trabalhar na Camargo Corrêa no Aeroporto. O casal voltou a sonhar em ficar juntos. A ideia de voltarem para seus lugares de origem foi adiada. A nova família ficaria unida em Brasília. 

Joãozinho trabalhou por três meses na Camargo Corrêa, depois foi trabalhar de ajudante de garçom no Hotel Manhattan Plaza, no SHN, no Plano Piloto. Trabalhou mais um ano e meio e sentiu que precisava voltar a São Paulo. Mas, agora o casamento já estava consolidado. Primeiramente foi para Ubatuba/SP, onde ficou trabalhando por dois meses. Não conseguiu alugar uma casa, pois em Ubatuba é muito difícil alugar, pois a maioria dos moradores só alugam suas casas para temporada. Joãozinho achou melhor ir para São Paulo. Alugou uma casa no bairro do Ipanema que fica em Itaquera. Trouxe a esposa e a filha de Brasília. Depois de dez meses, o casal se mudou para a Vila Matilde, na casa da mãe, por mais cinco meses. Joãozinho tinha um dinheirinho juntado e se uniu ao seu pai para fazer um “acordo de cavalheiro”. O acordo era comprar um terreno em Guaianases e construir uma casa em conjunto para saírem do aluguel. Depois de cinco meses de construção, nem havia rebocado o sobrado, resolveram se mudar assim mesmo sem reboque nas paredes. As famílias se juntaram e se mudaram para Guaianases onde até aqui nos ajudou o Senhor. Essa história tem 25 anos...
Continua...
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Escrito por Álvaro Pensativo

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