sexta-feira, 3 de julho de 2015

"SEXUALIDADE NÃO É CASACO".



Por: Onofre W. Johnson
Sexualidade é Casaco?

É possível separar a sexualidade das pessoas? Creio que não. Porque, na verdade, a sexualidade é algo impregnado nelas. Ninguém consegue deixar a sua sexualidade no carro e ir trabalhar, como se ela fosse um casaco que a pessoa tira e deixa dependurado num cabide para vesti-lo depois que sair, ou quando sentir frio, ou quando quiser usá-lo de forma aleatória. Você consegue sair de casa e não levar a sua sexualidade? Será que alguém consegue esquecer que é heterossexual? Alguém consegue esquecer que é homossexual? Dá para ir à igreja e pedir para o pastor expulsar a sua sexualidade de você? O psicólogo consegue conversar com alguém que deixou a sua sexualidade no armário? É possível um homossexual ser "heterossexualizado"? É possível um heterossexual ser "homossexualizado"? Confesso que, em todos esses anos de congregação, nunca vi nenhum homossexual ser liberto de sua sexualidade na Igreja.

 O filme “Milk – A voz da igualdade” retrata a luta de Harvey Milk, um político e ativista gay norte-americano e mostra que os homossexuais da época tinham quase todos os seus direitos tolhidos, simplesmente porque eram gays. Os governos: federal, estadual e municipal, demitiam os funcionários que se declarassem homossexuais. Não havia nenhum político declarado homossexual eleito. Professores que se declaravam gays precisavam deixar a profissão, pois a sociedade americana, assim como é a sociedade brasileira hoje, não tolerava a homossexualidade. Eles achavam que os gays poderiam influenciar seus filhos no caminho da imoralidade. Harvey Milk rompeu esse tabu, que, ao recrutar o seu “exército”, convocou os homossexuais que ainda estavam no “armário” para que se revelassem por todo o país. Ele queria demonstrar que os gays e lésbicas já estavam por toda parte e que todo mundo, em qualquer repartição pública ou privada, já conhecia alguém “gay” inserido na sociedade, mesmo sem saber que o era. Gays não são “alienígenas”, mas, sim, pessoas de bem, como qualquer outra pessoa de bem. São pessoas respeitáveis, seguras de si e, inclusive, já conviviam no meio do povo “normal” e, só não eram hostilizados nesses ambientes, porque se mantinham “não assumidos” (no armário).
Vamos parar de julgar a sexualidade das pessoas e tentar compreendê-las. Tem uma frase que circula por aí na internet e acho bem apropriado utilizá-la neste momento: “Aceita que dói menos”.
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Onofre W. Johnson 

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