segunda-feira, 18 de julho de 2016

LEMBRANÇA DE CRIANÇA

Hoje eu vi uma criança (um menino) orando e chorando na igreja e fiquei tão triste...

E me pus a pensar sobre o quê poderia motivar uma criança tão jovem a se colocar de joelhos e, com os olhos serrados, derramar lágrimas tão copiosas. Ele clamava aos céus de uma maneira tão convincente, como se realmente quisesse obter alguma resposta de lá. Fiquei pensando sobre o que estaria se passando em seu lar, com seus pais, seus irmãos, sua vidinha tão frágil. Ele estava ali, ajoelhado, debruçado no banco à minha frente, tentando estabelecer um diálogo com o Senhor.

Como será que essa criança imagina ser Deus? Será que ele pensa que Deus é um homem sisudo, que não ama as crianças? Será que ele pensa que Deus é um velho bravo, barbudo, gigante, de cabelos brancos e encaracolados, que quer botar todos os malvados na cadeia? Será que Deus vai mandar todos os assassinos e ladrões para o inferno? Será que Ele vai ajudar as pessoas a sair de seus apertos?

O que será que disseram para esta criança sobre a Bíblia, sobre a fé? Será que alguém lhe contou sobre o sofrimento de Jesus Cristo naquela cruz pesada e ensanguentada pelo sangue de sua morte? Será que lhe contaram sobre a conversão "obrigatória" do judeu Saulo para o cristão Paulo? Imaginava isso, enquanto os meus olhos se enchiam de lágrimas. Entretanto, agora eu estava chorando mais do que o menino... Queria tanto que Deus ouvisse a oração daquele pequeno. Até pedi para Deus tirar todo medo daquela criança que, pela idade, não merecia ter nenhum problema que pudesse considerar insolúvel. Queria que ele fosse uma criança que confiasse na sua mãe, no seu pai.

Mas, o que poderia ser tão preocupante para uma criança que deveria ter cinco anos, no máximo? Será que o seu pai é alcoolista ou, como um cavalo selvagem, bate em sua mãe? Será que o seu pai está desempregado, ou está sem dinheiro para comprar comida? Será que a sua mãe não se casou com o seu pai, ou então, lhe contou que o seu pai não presta? Será que seu pai está na cadeia, ou até mesmo, morto? Será que ele mora com os avós?

Mas, é apenas uma criança! Tão franzino e tão pequeno! Deveria estar inventando brincadeiras de correr pelos arredores da igreja. Ou poderia estar subindo nas cadeiras empilhadas para ver o tanque batismal. Ele, neste exato momento, poderia estar no banheiro da igreja, se olhando no espelho, ou abrindo as torneiras automáticas, mas não! Ele estava ali, ajoelhado, chorando e falando com Deus, bravamente!

Porém, o que será que o fazia chorar? Eu poderia ter perguntado isso a ele, mas não queria interromper a sua comunhão com Deus. Resolvi perguntar, então, para Deus sobre qual seria o motivo daquela criança estar chorando tanto assim? Era um choro oprimido, porém, era um choro sincero de quem tinha realmente uma razão para chorar. Era isso que me incomodava. Não obtive nenhuma resposta de Deus, então pedi para Ele me acalmar, pois eu já chorava descontroladamente. Foi neste momento que comecei a me lembrar da minha infância, das surras que tomei do meus pai, da saudade sofrida que eu sentia da minha mãe que saia de casa bem cedo para trabalhar e demorava tanto para retornar. Lembrei-me do quanto o meu pai era violento com meus irmãos mais velhos também. Lembrei-me das coisas que me deixavam triste na minha rápida infância. Das músicas tristes, das situações tristes, dos problemas tristes. Criança não deveria ter problema. Criança não tem contas à pagar. Será que aquele menino havia sido estuprado? Será que ele estava sendo ameaçado por algum adulto malvado?
 
Que Deus tenha misericórdia de todos nós, mas principalmente das crianças, em nome de Jesus, amém
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Onofre W. Johnson

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