sexta-feira, 13 de março de 2015

CONTO DE FADAS - AZUL

Conto de fadas: Azul – Autor: Álvaro Pensativo

No condado de Vermontite, havia uma bruxa má, chamada Creonice.

- Maldição! – Balbuciou a bruxa.

Dentre tantas as maldades feitas pela bruxa, a que lhe causou danos, foi o sequestro do passarinho Azul, pertencente à fada Laurinha. Esse passarinho era dócil e adorava as crianças daquele condado. Fada Laurinha, que era a sua dona, ficou tão furiosa com o sequestro que, para vingar-se da bruxa, além de tirar-lhe todos os poderes, deixou os pés dela fincados no chão da praça central do condado. As crianças iam passear pela praça aos sábados, só para rirem da bruxa que as praguejava.

− Malditas crianças.

Após cinco anos com os pés fincados no chão da praça e também sem comer nada, a bruxa pôs-se a chorar. Um enorme barulho de trator, produzido por sua barriga com fome, chamou a atenção de uma boa fada que passeava por aquelas bandas. Fada Mara era sensível e ficou comovida com a situação e quis saber o porquê da bruxa estar chorando tanto:

– Estou chorando porque faz cinco anos que não provo nada! Disse a bruxa, com falsa delicadeza. 

− Puxa, deve ser por isso que a sua barriga faz esse ronco tão alto. Vou fazer um bolo de chocolate para você. Disse a fada Mara. 

Mas a bruxa detestava chocolate. Na verdade, ela queria comer uma torta de criança trufada, mas, disfarçou, dizendo: 

– Não preciso de bolo, minha querida. Só lhe peço para tirar esse feitiço dos meus pés, por favor!

Porém, na lei do condado, quando uma bruxa é enfeitiçada, é sempre por motivo de vingança e o feitiço só pode ser removido com a autorização de Mago Mor, o rei dos feiticeiros. Fada Mara pegou seu Smartphone e chamou-lhe no Chat. Misteriosamente, o feitiço foi removido da bruxa e fada Mara partiu. Graças a Mago Mor, bruxa Creonice agora estava com os pés soltos. E, no sábado, quando as crianças se aproximaram da praça central para rirem da bruxa, ela disse: 

− Olá crianças! O que é que eu sou mesmo? 

– Uma bruxa! – Responderam as crianças. 

– Sim e está bem na hora do meu almoço. E o que é que todas as bruxas comem? 

− “Crianças! ” – Responderam, ingenuamente. 

Neste momento, a bruxa lambeu os lábios e disse que ia almoçar a criança mais bagunceira daquele condado. Rapidamente as crianças apontaram para o jovem Leandro, que estava distraído puxando o rabo do gato Mafaldo. No entanto, ao dar o primeiro passo na direção do menino, ouviu-se um estampido e Boom!!! A verruga do nariz da bruxa começou a crescer e foi ficando enorme. A verruga cresceu tanto que ocupou toda a frente dos seus olhos, deixando a bruxa completamente cega. O menino Leandro aproveitou o momento de crescimento da verruga e deu no pé. Com aquele verrugão no nariz, a bruxa ficou muito esquisita. Ela podia sentir o cheiro das crianças, mas não conseguia ver nada. As crianças não podiam fazer nenhum barulho que a bruxa ouvia e corria atrás. E todo o condado ficou em silêncio.

E o silêncio no condado reinou por cinco anos e só era interrompido por causa do barulho que fazia a barriga da bruxa. Teve uma vez, que sua barriga roncou tão alto, que chamou a atenção da fada Cristina. Esta fada estava indo visitar uma tia que morava ao norte do condado, mas, sentiu pena da bruxa quando a viu e quis saber o porquê da barriga da bruxa roncar tão alto. Bruxa Creonice, com os dedos cruzados de fingimento, disse para a fada Cristina que era uma pessoa muito triste e comentou:

− Sempre quis ver as flores do condado de Vermontite, a lua, o mar, as gotas cintilantes da chuva, o brilho quentinho do sol, as sete cores do arco-íris e a beleza encantadora das fadas, mas essa enorme verruga no meu nariz impossibilita-me de ver - Fada Cristina comoveu-se profundamente e disse essas palavrinhas mágicas:

− “Zan zi bar, a verruga vai murchar! ” – E, então, a verruga começou a diminuir e foi diminuindo, até ficar mínima. Fada Cristina despediu-se da bruxa e seguiu sua viagem.

No sábado, as crianças se aproximaram da bruxa sem fazer barulho e levaram o maior susto quando viram que a bruxa estava sem verruga. E, então a bruxa disse-lhes: 

− Olá crianças! Repararam que eu não tenho mais verruga? E, o que é que eu sou mesmo? 

– “Uma bruxa! ” – Responderam as crianças. 

- Isso mesmo, eu sou uma bruxa e está bem na hora do meu almoço. O que é que todas as bruxas comem mesmo? 

− “Crianças! ” 

− Isso mesmo, delicinhas. Bruxas comem crianças. E, o que é que vocês todas são? 

– “Crianças! ” - Nesse instante, a bruxa lambeu os seus lábios e com os olhos esbugalhados de fome, disse que queria comer a criança mais velha daquele condado. Dessa vez, apontaram para a menina Cidinha que saiu em desabalada carreira. A bruxa correu atrás dela... quando a encurralou na cerca da trepadeira, lambeu novamente os seus lábios. Um grande estalo de relâmpago ocorreu! Os lábios da bruxa ficaram grudados. Cidinha aproveitou que os lábios da bruxa grudaram e correu, escapando das suas garras. A partir de agora, a bruxa só conseguia dizer: - Hum! Hum! Hum! (E passaram-se mais cinco anos e seus lábios não desgrudaram).

Fada Hortência, vindo de muito longe, resolveu passar pelo condado e ao ver a bruxa chorando, perguntou-lhe: 

− Por que estás chorando? 

– Hum! Hum! Hum! - Respondeu a bruxa. 

– Você está com a boca colada? – Vou ajudá-la com isso. 

Fada Hortência disse essas palavrinhas mágicas: 

– “Zip Zip Zap, a boquinha vai falar”. No mesmo instante os lábios da bruxa descolaram. Fada Hortência despediu-se e partiu. As crianças viram, de longe, aquela cena e gritaram de medo da bruxa. 

− Por que vocês estão gritando, crianças? Vocês sabem quem eu sou? 

− Sim, a bruxa má! – Responderam as crianças em coro. 

– Isso mesmo, sou a bruxa má e estou com muita fome e está bem na hora do almoço. O que é que todas as bruxas más comem? 

– “Crianças! ” Responderam, entreolhando-se. 

− Isso mesmo, bruxas más comem crianças. E o que é que vocês são? 

– “Crianças! ” - Bruxa Creonice lambeu seus lábios e após conferir que eles não estavam grudados, disse que iria almoçar a criança que ficasse parada. E foi aquela correria... E a bruxa atrás... ela conseguiu encurralar uma criança, mas quando foi tocá-la, um campo de força eletromagnética formou-se ao redor da criança e ao encostar a mão, levou um choque tão grande que chamuscou os seus cabelos. Mas, a bruxa estava com tanta fome que resolveu insistir... Correu atrás de outra criança até alcançá-la, mas, quando foi pegar em seu pescoço, outro campo de força eletromagnética formou-se. E assim foi acontecendo sucessivamente... toda criança que a bruxa tentava encostar a mão, aparecia o campo de força eletromagnética e ela levava choque.

E, assim, todas as crianças, daquele condado ficaram protegidas para sempre dos males de bruxa Creonice que nunca mais conseguiu assustar nem uma mosca. Agora, era ela que se assustava quando via uma criança. 

Azul, o passarinho, após ser liberto do cativeiro da bruxa má, tornou-se o protetor das crianças do condado de Vermontite. Ele recebeu o título de: "Azul, o Grande Protetor das crianças do Condado de Vermontite", por Mago Mor, o rei dos feiticeiros, quando conversou com Fada Mara pelo Chat. E, toda vez que as crianças precisassem de socorro, Azul, o passarinho, estaria a postos para salvá-las. 


Fim.
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Autor: Álvaro Pensativo

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