terça-feira, 14 de janeiro de 2014

"CARRINHO DE BEBÊ"

CARRINHO DE BEBÊ

Veja os obstáculos que estão no caminho de quem não consegue mais carregar os seus netos no colo:

Na terça-feira vovô, madame e a neta Helena encararam uma verdadeira "aventura urbana": Foram tomar sorvete lá no centro de Guaianases, com a neta Helena no carrinho de bebê, é claro. No trajeto, também queriam passar na Faculdade de Pedagogia para deixarem alguns documentos. Quer saber no que deu?

Um vaivém danado, mesmo para uma terça-feira de janeiro à tarde. Como estavam de carrinho, resolveram descobrir o que um cadeirante faria para andar pelo bairro de Guaianases.
Logo perceberam que não havia nenhuma sinalização com alguma capacidade de proteção (incluindo grávidas, cadeirantes ou pessoas com carrinho de bebê ou até mesmo com crianças que precisam ser carregadas no colo. "Cego por aqui, nem pensar!" deduziu o vovô).
Houve tanta trepidação nas calçadas que a neta Helena segurava o "pqp" do carrinho com as duas mãos. Tanto se cansou de agarrar que desistiu, adormecendo. O vovô comentou com a Madame que esses "acessos" deveriam ser testados pela mãe de quem os construiu.
Depois de vencerem o trajeto pelas calçadas desastrosas e estreitas do bairro, foram conferir as rodas do carrinho para ver se ainda estavam inteiras. Milagre! Mas talvez não suportem a volta, comentou o vovô. 

foto da internet

Deixaram os documentos na Faculdade e se sentaram alguns minutos, para tomarem fôlego, pois ainda iriam à tão sonhada sorveteria .
O grande drama é que, ao chegarem na sorveteria, o degrau que dava acesso à ela era tão alto que precisaram de ajuda para subir o carrinho. Madame disse que o degrau era alto assim devido às inúmeras enchentes de verão naquele local.
A sorveteria estava cheia e, para variar, também mal sinalizada. Notaram que carrinhos de bebês não eram bem vindos no local. Não há nenhum projeto adequado para cadeirantes por ali. A melhor definição da sorveteria, na opinião do vovô, é hostil.
O bairro de Guaianases é pobre, é um bairro dormitório, as pessoas passam o dia trabalhando do outro lado da cidade, mas os moradores precisam ser tratados como seres humanos, comentou o vovô.
Se sentiram desnorteados em muitos momentos do passeio, e note que eles não têm necessidades especiais. 
Foi assim também a volta, mas agora decidiram disputar as ruas com os carros o direito de voltarem para casa. Constataram que as calçadas estavam intransitáveis. Um cadeirante não conseguiria voltar. - Nem teria vindo. Comentou Madame, enquanto caminhava ao lado de seu marido que empurrava o carrinho de bebê naquela rua de subida íngreme e esburacada, desviando de carros e dos buracos com poças d'água, pois, para piorar, havia chovido recentemente.
"Isto é uma vergonha!", diria o Boris. Talvez por isso que, durante toda essa "aventura urbana", não viram nenhuma família que levasse o seu bebê num carrinho e nenhum cadeirante passou por eles também.
Na modesta opinião do vovô, o prefeito deveria repensar esses acessos para cadeirantes e, mesmo depois que realizar alguma obra "decente", deveriam trazer a mãe dele para ver se ficou bom.
Enfim, o casal ficou tão, exaustivamente, concentrado nos obstáculos, que até se esqueceram da possibilidade de aproveitarem o passeio para namorar um pouquinho.

Mas, fica aí dica, prefeito!


____________É ISSO AÍ... (OUTRA MANEIRA DE DIZER AMÉM)______________


Escrito em 14 de Janeiro de 2014.

Texto de: Álvaro João dos Santos
|||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
COMPARTILHE ESSE BLOG
|||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||

Nenhum comentário:

Postar um comentário